Porque bates assim?
Estou a sufocar
Parece que corro sem sair do lugar
Este peso que me imobiliza
Preso na garganta
É engolido com todas as forças
O sentimento morto vivo
que me queima lentamente
e me consome da garganta até ao estômago
já vem de malas para ficar
Peço-te...
Queima a minha vontade de te abraçar
Queima o meu desejo assustado de te beijar
Queima o toque que me aflige e me acalma.
Tudo é docemente assustador
Este medo que se esconde atrás da porta que distraidamente deixei aberta
Dá as boas-vindas à insegurança mascarada de serpente maldita
Aquela que tantas vezes me aparece nos sonhos a avisar que a paz já fugiu,
assim como tu...
Contrariada abro ligeiramente a mão
E a areia que devia querer ficar
Desonestamente se perde entre os dedos
Grão a grão vejo-te ir
Afogada na minha água salgada
Assisto imóvel
Lentamente...e de olhar vazio
Porque sei que a verdade se esconde
E o amanhã é só para mim
Sabendo de cor
volto a cobrir-me de seda
Fecho o casulo.