Saturday, September 2, 2023

Despropositada(mente)


Despropositadamente...

O tempo revela os meus sentidos

A paz que se instala

Reconforta e endurece

Do teu querer

Intensamente respiras 

Mas permaneces com pouca 

sede do amanhã

Tornei-me refém 

De mim (De ti)

E a memória

Faz o coração disparar

Esta velocidade estonteante

São caprichos de mau gosto

Que queimam de dentro para fora

Com luz de passado sem interruptor

Que permita desligar-te pra sempre.

Saturday, July 21, 2018


Porque bates assim?
Estou a sufocar
Parece que corro sem sair do lugar
Este peso que me imobiliza
Preso na garganta
É engolido com todas as forças
O sentimento morto vivo
que me queima lentamente
e me consome da garganta até ao estômago
já vem de malas para ficar
Peço-te...
Queima a minha vontade de te abraçar
Queima o meu desejo assustado de te beijar
Queima o toque que me aflige e me acalma.
Tudo é docemente assustador
Este medo que se esconde atrás da porta que distraidamente deixei aberta
Dá as boas-vindas à insegurança mascarada de serpente maldita
Aquela que tantas vezes me aparece nos sonhos a avisar que a paz já fugiu,
assim como tu...
Contrariada abro ligeiramente a mão
E a areia que devia querer ficar
Desonestamente se perde entre os dedos
Grão a grão vejo-te ir
Afogada na minha água salgada
Assisto imóvel
Lentamente...e de olhar vazio
Porque sei que a verdade se esconde
E o amanhã é só para mim
Sabendo de cor
volto a cobrir-me de seda
Fecho o casulo.

Monday, January 22, 2018

Velha



"Velha" que te escondes na ignorância,
que tens sede de poder,
Teres me por perto é o teu refúgio.
Essa tua solidão sempre será muito mal ensaiada...
Ninguém te aplaude...
Sabias que por mais que a minha boca não se preencha de água ou comida
e que o pêlo se habitue a não ter agasalho,
o cubo de gelo que vive no teu peito, será sempre o pior castigo que aquele que teimas em me oferecer?
A morte lenta nessa solidão merecida
é um inferno e nunca se comparará com o amor que vive aqui dentro embrulhado em pêlo molhado de frio e de abandono.

Saturday, January 20, 2018

100 pressa




Só porque o tempo urge não significa que as marcas envelhecem com a mesma velocidade com que as folhas caiem.
Folha a folha o sol se põe e enquanto tu tentas não perder esse espetáculo maravilhoso, as folhas continuarão a cair, o sol a brilhar e tu a inspirar bem fundo enquanto deixas fugir aquele sorriso de paz interior.
Que horas são?
É tempo de ser eu sem pressa.

Saturday, March 11, 2017

A culpa


A vida é uma incógnita 
Os sonhos, as vontades... 
vão se moldando às vivências. 
Ser de carne e osso é uma realidade dura 
Errar é ser humano 
Repetir os erros é loucura
O tempo urge 
Os erros se adivinham 
As palavras já ouvidas 
Percorrem-nos a mente
Os Deja vus de mágoas endurecem-nos o gelo... 
No casulo dissolvemos 
Mas já nada nos consome
A chave estará sempre bem guardada 
O mistério somos nós 
A rasteira é feita
E as costas que se vêem 
São a culpa de quem tenta que se erre outra vez.

Thursday, March 2, 2017

Agora sei



Por vezes não entendemos
Quando estamos a sentir aquela dor...
Não entendemos
Perguntamos porquê...? porquê...?
Vezes e vezes sem conta...
Mas depois..vem o tempo...
Doloroso...interminável...
Não se vê o fim...
Sofridos e impacientes...
aguardamos cada minuto...
Mas chega um dia
em que inesperadamente a espera termina
E a gratidão chega.
Invade o corpo...
por todo o sofrimento incompreendido
Agora sim
Sei o que queres de mim
tenho a certeza
Queres-me forte
Que eu sinta o doce
O sabor verdadeiro
As irregularidades da casca rude
Que nos fazem sentir vivos e autênticos
E aquilo que me tiras
é só fruta podre
vestida de casquinha de seda.
Agora sei.

Saturday, February 18, 2017

Dança comigo


Ai…se eu te contasse
Que os meus olhos às vezes vacilam
e atraiçoam os meus lábios
Ai…se eu te contasse
Que o meu corpo mente
A cada olhar
Ai…se eu te contasse
Que o meu batom vermelho
É um escudo da fragilidade
Ai…se eu te contasse
Onde fica o esconderijo
Da minha alma                 
Ai…se eu te contasse
Que o meu mundo
é uma  escolha com ferida
Ai…se eu te contasse
Que a minha gargalhada
É um camuflagem muito mal ensaiada
Ai…se eu te contasse
Que as palavras mudas
Proferidas pelos olhos
Me causam nós na garganta
Ai…se eu te contasse
Quem já não mora aqui
Ai…se eu te contasse
que a música nunca pára
e que as sapatinhas são guardadas
longe de ti...
Ai...se eu te contasse...
o meu bailado já não tinha o mesmo sabor.